Ronaldo Fenômeno. Alegria da Fiel

Ronaldo provou, na tarde de ontem na Vila Belmiro, que realmente voltou ao futebol para brilhar. Os dois gols anotados contra o Santos, sob o olhar de Sua Majestade o Rei Pelé, que tanto brilhou naquele palco, foram dígnos de figurar entre os mais lindos da história do futebol.
A matada de bola no primeiro gol mostrou com que intimidade o fenômeno trata a bola. Ele amorteceu-a no pé direito, como quem acaricia a mulher amada, o toque sutil de canhota, equivaleria a um beijo roubado, escapado. Porém, a maior surpresa estava resarvada para seu segundo gol, o terceiro do Timão. Primeiro por ter sido um banho de agua fria no moral da equipe praiana, que acabava de marcar seu gol, e se enchia de vontade para virar o placar, e depois pela plasticidade da jogada. Comparo esse segundo gol a uma poesia, digna de Vinícius ou de Drumond. A jogada foi escrita, ou melhor, desenhada, como quem oferece uma rosa vermelha à sua amada, cheio de más intenções. A bola foi alçada sobre Fábio Costa, que impotente, apenas observou o trajeto daquilo que mais parecia uma pena a voar sob a força de uma leve brisa.
Há que se respeitar esse rapaz, não apenas por seu futebol de gênio, ou por ressurgir pela terceira vez, calando a boca dos "especialistas de plantão". Mas principalmente pela alegria com que joga futebol. É inegável que Ronaldo não precisa mais do futebol para viver. A fortuna acumulada durante a carreira lhe permite uma vida de nababo, a ele e a seus descendentes. Então o que o leva a encarar o sofrimento de toda a fisioterapia? O esforço para perder os quilos acumulados? Os treinamentos puxados para entrar em forma? Seria a compensação financeira?
Claro que o dinheiro tem seu peso, mas o que levou Ronaldo a voltar ao futebol, foi ter encontrado novamente a alegria em jogar. Foi ter sentido a emoção da maior e mais fiel torcida do mundo gritando seu nome. Ronaldo está feliz. E sua felicidade contagiou a torcida corinthiana. E até mesmo os torcedores de outros times elogiam o Fenômeno e torcem por ele.
E, se de quando em vez, ele der uma escapadinha para uma noitada, beber umas cervejinhas a mais, está perdoado por antecipação.
Ronaldo Nazário, você É O CARA.